“O Artista Plástico modela, cria, funde o seu, o nosso universo por
intermédio de formas e cores. As formas são as mais variadas; as cores, aquelas
componentes do arco-íris e mais tantas quantas dele resultantes, que é
impossível mensurá-las. Enfim, o Artista Plástico trabalha em consonância com o
universo que muitas vezes é o seu mundo exógeno e endógeno. Eis a arte, eis o
artista!” (Antonio Fontes)
Jorgepô busca, em sua obra, retratar o cotidiano de uma cultura esquecida, ele busca, nos olhares, a profundidade de perguntas quase sempre sem respostas ao longo do tempo. Os indígenas deixam de ser objetos da história, para serem, na verdade, a história. O indígena não quer ser inventado ou recriado, mas sim ser ele próprio na sua essência e na sua cultura. São quase trinta anos de trabalho voltado para a cultura do índio, mas retratá-lo não é o suficiente; o olhar que busca a resposta é a expressão mais forte para que a cultura e os costumes do povo indígena sejam respeitados e preservados como o maior patrimônio material e imaterial do Brasil. Jorgepô estudou Artes Plásticas, inicialmente, na Faculdade de Belas Artes em São Paulo (1978). No mesmo ano se mudou para Salvador, ingressando na Escola de Belas Artes da UFBA., onde se formou em 1984. Participou de vários congressos no período estudantil e lecionou por dez anos no Colégio Dínamo como professor de Artes. Em 1986, ingressou no ramo da publicidade e constituiu a empresa denominada Tupiniquins Propaganda. Em seguida, em 1990, fundou o Bloco Tupiniquins, sempre defendendo a causa indígena e usando sempre o refrão: ”deixe o índio ser índio".
Entre 1978 e 2013, Jorgepô participou de 25 exposições coletivas, dentre elas: o 36º Salão de Artes
Plásticas de Pernambuco (1982), o
happening na Bienal Internacional de São
Paulo (1983), a exposição da Galeria Canizares (1984), a exposição do Recôncavo
em Cachoeira, a exposição em Juazeiro,no Centro de Cultura de Alagoinhas, no MAM em Salvador,
entre outras. Realizou também cinco exposições individuais, sendo a última no
Trapiche Hotel, intitulada “Índios", onde apresentou obras digitalizadas
dos olhares indígenas.
Além das Artes Plásticas,
Jorgepô teve uma participação na literatura, tendo três livros publicados: O
Movimento dos Corpos, juntamente com Joviniano Borges da Cunha e Eduardo Thomé
(São Paulo, 1978 ed. Esgotada), Amores Mutantes, com Antonio Barreto (Alagoinhas,
1980 ed. Esgotada) e Sassu, o guerrilheiro do Araguaia (1985, ed. Esgotada), e algumas
coletâneas de poetas baianos.
A arte digitalizada foi uma experiência para um novo trabalho
que Jorgepô desenvolve no momento, uma técnica mista de artesanato, impressão
digital, sublimação, acrílica, resinas, entre outros materiais, buscando expressões
do mundo contemporâneo, confundindo imagens e formas que causarão um
questionamento sobre a cultura popular e a acadêmica. A expressão artística e valorização
do popular causando um impacto social e ambiental, indo além das culturas indígenas
e afro-descendentes questionando a nossa origem num todo, por todas as etnias
que compõem a nossa atual.
O traço do artista não é tão simples de descrever, por não obedecer
a regras ou títulos. O artista cria a partir do que surge dentro de si pra o
seu mundo externo, por isso a denominação endógena e exógena. A técnica muda
com a necessidade de ser livre para a expressão, a temática é o produto final
da obra para o artista e a continuidade na mesma nos olhos de quem vê ou
critica. O sentimento de gostar ou simplesmente repudiar. A expressão na frente
da técnica, do suporte e da temática e, por isso, o artista Jorgepô leva
consigo para a eternidade a expressão de outro artista, Bené Fontelles: "ANTES
ARTE, DO QUE TARDE".
Qual a avaliação que
faz das atividades dos artistas plásticos na cidade?
Alagoinhas é uma terra rica em sua cultura, porém fica muito
a desejar por falta de incentivo comercial e político. Diante desse quadro,
artistas do porte de Josilton Tonm, Luiz Ramos e Élon Brasil (que teve uma
pequena passagem por Alagoinhas)l, buscaram outros caminhos para difundirem seus
conhecimentos. Outros abandonaram a profissão, como Messias, atualmente moto-taxi.
Quem resistiu ao descaso foi LithoSilva, Márcia Almeida, Floriano, e Anthonio
Lins, hoje uma página sobrevivente na História da Arte de Alagoinhas. Outros,
também muito talentosos, infelizmente ainda estão no anonimato por falta de
espaço e incentivo, podendo citar Daniel Barbosa e Edson Dias.
Em sua opinião, o que
faz o "nome“ de um artista plástico?
A obra e a trajetória do artista são responsáveis por seu nome,
a expressão tem que ir além dos pincéis, telas e demais ferramentas de
trabalho. Ela tem que ter o conteúdo social mesmo que seja bonito ou feio,
compreensível ou incompreensível. O reconhecimento da sociedade é a participação
da mesma nos salões, galerias ou outros espaços culturais, mesmo que não seja
para adquirir, mas para opinar, dar créditos ao artista. É preciso deixar o
”rebolation” de lado e perceber a importância do "Trenzinho Caipira de
Villa-Lobos". Trocar o passageiro pelo eterno, porque assim é a arte desde
o principio, assim nós artistas, através de nossa obra, poderemos ser
lembrados, como nunca foram esquecidos: Leonardo da Vinci, Michelangelo,
Rafaello, Picasso, Dali, Rembrandt, Kandinski, Tarsila, Portinari, Di Cavalcanti,
Pancetti, entre tantos outros.
Alagoinhas possui uma
ldentidade Cultural?
Acredito-me, que falta esta identidade. O que há em Alagoinhas
é a resistência de alguns artistas e da maior amante de todos eles, a
Professora lraci Gama, que traça uma luta árdua para que possamos ter um lugar
ao sol. Mas, com iniciativas da FIGAM e do atual governo do Prefeito Paulo
Cezar, as coisas começaram a surgir, como podemos citar a inclusão de Alagoinhas
como uma das cidades baianas consideradas Patrimônio Cultural da Bahia e do
Brasil. Portanto, eu vejo muita resistência tanto de Iraci, como de LithoSilva
e o abraço do governo municipal, para que isso se torne realmente o que chamamos
de identidade cultural de Alagoinhas.
"Eu, como artista que depois de algum tempo fora de cena estou
retornando não somente para fazer da arte um objeto de consumo, mas torná-la um
veiculo de aproximação entre a arte e o social, fico eternamente grato pela
iniciativa da ACIA em dar um primeiro grande passo para mostrar a sociedade e ao
meio empresarial que Alagoinhas é rica no que se diz cultura. E que possamos
realmente sensibilizar essa comunidade de que a cultura é a identidade de um
povo, seja ela material ou imaterial. A diversidade cultural é a expressão
maior de um povo. Portanto, viva a Cultura."
Fonte: Acia Divulga -
Midian Bispo
Bom dia, maravilhosa a tua arte com temática indígena, gostaria de saber da possibilidade de ter um quadro com 110x220 aproximadamente, na vertical, com rostos indígenas.
ResponderExcluirMeu whats 51999496822.
obrigado, abraço
Claudio