quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ORQUESTRA OS TURUNAS E O MAESTRO BENÍGNO



Os grandes bailes de micareta fazem parte de uma história musical riquíssima em Alagoinhas. A primeira manifestação neste gênero aconteceu em 1950, com o surgimento da Orquestra Os Turunas, que realizou seu 1º baile em 25 de março do mesmo ano, na Rua 24 de Maio (atualmente, o Hotel Kasa Grande). A primeira grande festa foi na Rádio Clube de Alagoinhas, localizada no prédio de Oscar Correia (hoje, o Magazine Toque Final); depois tocaram na ACRA, sob a presidência de Valter Campos. Em 1968, a primeira apresentação em Salvador, no Flamenguinho em Periperi. A melhor festa, segundo o Maestro Benígno aconteceu no Clube Cajueiro em Feira de Santana no ano de 1972 e o melhor carnaval em Salvador foi em 1974 no Baiano de Tênis, que contou inclusive com a presença do Rei do Futebol, Pelé, além de um público superior a 35 mil pessoas. Na época a Orquestra Os Turunas contava com a seguinte formação: Benígno, Antonio Amando, João Fagundes, Pedro Hugo, Jonas, Tuca, Carlito Oliveira, Leopoldino, José Ferreira e Catichib. 
A Orquestra foi fundada em 25 de Março de 1950 pelo Maestro Benígno, irmãos e amigos (veja foto). Na década de 70 ganhou 04 títulos consecutivos no Carnaval de Salvador, inclusive o título de 
honconcour 
 em 1973, oferecido pela Bahiatursa. Nos anos 60, 70 e 80, grandes bandas de bailes surgiram e animaram a micareta de Alagoinhas nos clubes locais; a Acra, a AABB, o Tênis Clube, o Ferroviário, o América, o Vencedor entre outros clubes localizados no município de Alagoinhas. Entre as primeiras bandas podemos citar: Os Terríveis (de Zé da Tejan), os Cadetes (de Messias), Os Planetas (de Chico), seguidas por: Picolinos (de Vacinho), Manifesto (de Hidelbrando), Milionários (de Valber), Caciques (de Vieirinha) Controle remoto (de Rudolf), Magnífico (de D.Rosa e esposo), Coquetel de Frutas (de Jorge Dó), Verão Tropical (de Bolota), Lá Salvador (de Géo e Rayneldes), Tabajaras (de Birro), Clip (de Zé Oscar) e Valneijòs do saudoso Valnei, um dos precursores do Trio Elétrico na Bahia, engrandecendo Alagoinhas em todo Norte/Nordeste do país. 


Portanto, nada mais justo do que esta homenagem a quem proporcionou bons momentos de lazer, harmonia e paz nas micaretas e nos bailes que antecediam as mesmas em Alagoinhas. Uma festa que saiu dos clubes, para tomar conta das ruas da cidade, mas, deixando uma saudade imensa das ”matinês e soirées’ da Acra, tênis e AABB. Saudade dos blocos de turmas, das batucadas e da Escola de Samba Descendo o Morro, de Geraldão. Das máscaras e das mortalhas, das Filarmônicas Euterpe e Ceciliana (na época anterior aos Turunas, as filarmônicas que animavam a micareta ou micaremes que aconteciam logo após a sexta-feira santa, no sábado de aleluia). 

E hoje diante de toda parafernália elétrica que faz parte da micareta, Alagoinhas ainda pode respirar um pouco da cultura dos antigos carnavais: O Bloco Amigos dos Turunas animados por sua orquestra que sobrevive há 62 anos. E o maestro Benígno com seus 92 anos de vida, dedicados à música e ao ofício de alfaiate; o cidadão que deixou Inhambupe em 1939, para se tornar filho adotivo de Alagoinhas e realizar o sonho dos metais e caixas tocando uma canção única de amor, paz e harmonia. Dos Turunas à Ceciliana e dela o ponto de partida para esta gama infinita de músicos, que hoje existe, ou passou por esta terra.

6 comentários:

  1. Quando o assunto é o passado, não vemos muita gente comentar, parece que o passado não ajudou a construir o presente, e isso reforça aquela tese do brasileiro de memória curta, gente o passado é o retrato vivo na memóra humana que ajudou a construir o presente, no livro que escrevi de muitos personagens vivos de Alagoinhas tem este trecho "O Tênis que era local de encontro da Juventude de Alagoinhas, anunciava mais uma das suas festas, Noite da Primavera, com o Conjunto Los Guaranys da cidade de Lagarto-Se, nessa festa fui muito bem vestido, Calça Lee Americana, e Uma Camisa, que chamava atenção pela frase em Inglês Peace for the Humanity, “Paz Para a Humanidade”, e uma gravura de duas mãos confraternizando-se, uma mão negra e outra branca, isso era moda nos anos 70, revolução racial" é assim que lembraremos dos Turunas, e tantos outros, até dos: The Thunders Boys de Waldemar, que originalizou os Milionarios, é isso ai só que minha dor é perceber que ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.

    ResponderExcluir
  2. que maravilha! Bom saber dessa história sobre a minha terra! Que lindeza!

    ResponderExcluir
  3. Parabéns Turunas. A influência da musicalidade do grupo ultrapassou as fronteiras da cidade e influência inclusive a cultura dos carnavais de Salvador.

    ResponderExcluir
  4. Parabéns Turunas. A influência da musicalidade do grupo ultrapassou as fronteiras da cidade e influência inclusive a cultura dos carnavais de Salvador.

    ResponderExcluir