Nas telas, povos da floresta
Conviver com índios, com tribos africanas e com os
encantamentos do candomblé, acrescentou ao artista plástico Élon Brasil uma
sabedoria intrínseca para eternizar, em suas telas, hábitos, situações e
emoções que caracterizam cada uma dessas culturas.
MARIA LUIZA BRANDALIZE
Diante de uma tela de Élon Brasil é fácil entender sua
fascinação pelo nosso índio. A beleza é evidente. E englobam a obra e seus
personagens, seus objetos. Pesquisar a majestade do homem primitivo é uma
experiência que esse artista autodidata iniciou em 1980, quando conheceu os
primeiros Xavantes, em Goiás.
Fascinado por sua pureza e espiritualidade, oito anos depois
passou a retratá-los, o que levou o francês Alain Veille, enólogo e
colecionador de obras de arte, a procurá-lo. Esse encontro significou a venda
de algumas telas que cruzaram mares e o convite para representar o Brasil, no
ano 2000, na França, em uma exposição de trabalhos voltados a assuntos
indígenas.
Nada mais justo. E em
torno dessa temática que o disciplinado pintor trabalha cerca de 17 horas
seguidas, entre dia-sai-dia, para produzir de sete a oito telas por mês. Usa
tinta à óleo sobre lona previamente preparada com relevos, pelo irmão em seu
atelier.
ARTE ANUNCIADA – Em 1957, na praia de Jurujuba, Niterói,
nascia mais uma criança na casa de Milton Brasil, descendente de europeus. Era
o quarto bebê, mas a mãe, baiana de Itapuã, neta de índio com negro, ainda
teria mais sete. O pai também artista plástico de cavalete e pincel levou o garotinho para as artes. Incentivado,
tanto em casa como na escola, Élon, aos seis anos, já caprichava no uso do
crayon. Quando a família mudou-se para São Paulo, o menino, com oito anos,
tornou-se um dos pioneiros ambulantes da antiga feira da República, e já vendia
seus quadros, que retratavam ao lado urbano e social do brasileiro. As favelas da cidade grande, a fome dos
carentes. A primeira medalha com direito ao prêmio de aquisição foi conquistada
pelo adolescente aos 12 anos na II Pinarte de Pinheiros, em 1971, com o óleo sobre
tela Seca do Nordeste.
Depois de viajar por temas místicos e na simbologia
esotérica, voltou-se para o índio, quando visitou os Xavantes. Daí partiu para
Salvador à procura de suas origens maternas. Inspirou-se no pelourinho baiano,
pintou a religiosidade afro-brasileira e os orixás. A partir daí adotou o negro
e o índio como temas e entregou-se, prazerosamente, a pesquisar seus
encantamentos.
NA TABA E NA ÁFRICA – convivendo dois com os Tucanos, a 250
km de Manaus, comeu carne de macaco para sobreviver, dormiu em rede, pescou,
construiu canoas, plantou, colheu, aprendeu os segredos do cipó “timbó” e,
principalmente, registrou cenas e mais cenas, expressões e emoções diversas em
croquis que, ainda hoje, lhe servem como referências.
Visitar seu atelier, e olhar suas obras, é entrar nesse
mundo de cores escuras e belas, é sentir a fascinação que cerca esse povo.
Conheceu Tuparis e Ticunas, também na Amazônia. Mas ainda
não lhe bastou. Prepara uma viagem ainda este ano (1998): vai ao Xingu participar
do Kuarup, ritual indígena que
homenageia os mortos. Uma festa, que segundo o artista, promete ser fascinante
para seu arquivo interior e para as imagens que ainda pretende eternizar em
telas.
Em 97 passou 50 dias na África, mas precisamente em Benin e
Togo. Outra fascinação. Trouxe um
arquivo de 300 fotos e uma grande carga de energia positiva, que lhe garante
manejar o pincel por horas a fio para
representar, ao seu modo, um traço de apreensão ou um sinal de contentamento,
que a sua câmera registrou, com precisão, no meio do povo agressivo, mas
pictoricamente rico, desde o olhar enigmático das crianças, até a beleza
exuberante da mulher negra, sensual e bonita.
Além do curriculum de Élon registrar diversas exposições no
Brasil (São Paulo, Bahia e Santa Catarina), suas obras já foram exibidas em Toronto,
no Canadá; diversas vezes na Suíça, nas
cidades de Berna e Basiléia, onde Rolf Walther é seu marchand; e em Bruxelas, na Bélgica. Além de freqüentar acervos
particulares, o artista está representado também no Museum Der Kulturen Basel,
Basiléia, Suíça; Museu de Arte de Londrina, PR; Museu do Banco do estado de São
Paulo e no Museu da Imagem e do Som, São
Paulo, SP.
O Estado de São Paulo, domingo 17 de Fevereiro de 1998,
Suplemento Feminino
Em 1970, juntamente com os artista Aldemir Martins, Clóvis
Graciano e Carlos Scliar, Élon ilustrou o livro de poesias Cantando os Gols, de
Tito Battine.
Hoje, sua obra figurativa e abstrata é composta por imagens
da terra: índios, negros e caboclos, cercados por textura e cores marcantes.
Sua temática busca ressaltar e preservar a cultura brasileira e suas próprias
raízes.
Filho de baianos - mãe negra, neta de índios, e pai (o
artista Milton Brasil), neto de imigrantes italianos e portugueses - Élon
resgata em sua história e origem, a fonte de inspiração . Ao morar na Suíça por
seis meses, obteve a oportunidade de expôr o seu trabalho em diversas ocasiões,
tornando-se conhecido internacionalmente, principalmente com encomendas para
colecionadores europeus.
Possui obras nos seguintes acervos
Desde 1994, faz parte do acervo da
Manolo Saez Galeria de
Arte - Curitiba - PR. Brasil
Museums der Kulturen Basel o Basiléia-Suíça
Museu da Imagem e do Som o São Paulo-SP
Museu do Banco do Estado de São Paulo
Museu de Arte de Londrina-PR
Exposições individuais
1993 - Banco Central o São Paulo-Brasil
1993 - Banco Central o São Paulo-Brasil
1993 - Museu da Cultura/PUC o São Paulo-Brasil
1993 - Galeria Arcartes o Toronto-Canadá
1993 - Galeria Goetz o Basiléia-Suíça
1993 - Galeria ACBEU o Bahia-Brasil
1995 - Hotel Tropical o Bahia-Brasil
1995 - Galeria Goetz o Basiléia-Suíça
1995 - Golf Hotel o Berna-Suíça
1996 - Banco SLK o Bruxelas-Bélgica
1997 - Museu de Etnologia o Basiléia-Suíça
1998 - Centro Holístico de Educação e Vivência o São
Paulo-Brasil
1998 - Espaço Cultural Banespa o São Paulo-Brasil
1998 - Brasil 500 anos-MASP o São Paulo-Brasil
1998 - Galeria Caribé o São Paulo-Brasil
1999 - Parque das Ruínas o Rio de Janeiro-Brasil
2005 - Brazilian Embassy, London, UK
2006 - Eton College, UK
Arte belicima.Pois só um menino da terra de todas as cores prevaleci,e nos da orgulho.
ResponderExcluirblog mau feito...poucas informações contextos vazios e imagens grandes sem poder visualizar as escritas.
ResponderExcluirAgradeço, possibilitou conhecer este Grande artista
ResponderExcluirGostaria de adquirir o seu catálogo adoro a sua obra sou de Portugal abc
ResponderExcluirOLA , ELON , BOA NOITE , E O FRANÇES ALAIN VEILLE , QUE QUERE RETOMAR CONTATO COM VOÇE ,
ResponderExcluirVOÇE PODE PRECISAR ME VOÇE TELEFONE , EMAIL .
OBRIGADO
Suas pinturas são maravilhosas,
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